Para Victor Grizzo.
I
No espelho do
céu partido
um peixe se
reflete e multiplica
em outros tantos,
num cardume
que se refrata e
se deforma
e nascem outros,
oblongos,
pontiagudos,
teleósteos:
mosaico efeito dos
cacos
do espelho do
céu, partido.
O primeiro
peixe, vaidoso,
avô e pai do mar
inteiro,
quem o jogou no
espelho?
Quem o tirou do
céu, da noite,
constelado e
calmo e só,
estrela cadente,
praieiro?
II
Não se sabe quem
o peixe-
estrela jogou no
espelho:
também eu não
sei por que
só eu vejo, ou
vi primeiro.
Não sei por que,
no cardume,
vejo o mesmo
peixe múltiplo.
Vejo a chama,
vejo o lume
e sei do milagre
por último.
Se são cacos,
era sangue
que devia haver
no mar.
Não são cacos de
um espelho?
Vermelho é o Mar
Vermelho?
Atentado contra
o czar:
sei de sangue
azul no mar.
III
O sangue azul é
da estrela-
peixe, e a coisa
tá russa:
perdeste o
senso, vê-la
foste tu, se ainda
pulsa
e acreditas em
lendas
que nos devolvem
as rimas!
Abre as janelas,
emendas
a noite na casa,
cortinas
como gaze em
torniquete
enquanto já se
reflete
a lua no teu
tapete
e o céu naquele
espelho
partido que é o
mar:
água-viva, Victor. Pinceladas
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